Millenials e nativos digitais estão mudando o mercado imobiliário
Nascidos entre os anos 1980 e o início dos anos 2000, os millennials estão redesenhando o panorama imobiliário em todo o mundo. Com 52% já possuindo casas, de acordo com um levantamento da plataforma Apartment List, e 40% sentindo-se confortáveis para comprar propriedades totalmente online, de acordo com a Zillow (uma empresa americana do setor imobiliário de tecnologia), eles lideram o caminho em direção a uma abordagem digital para o investimento em imóveis.
O Brasil segue a tendência. Entre os integrantes da também chamada geração Y, o interesse em adquirir a tão sonhada casa própria está em alta. Uma pesquisa da consultoria Brain Inteligência Estratégica, aponta que os millennials representam a segunda maior fatia de intenção de compra de imóveis (43%) no Brasil, perdendo apenas para a Geração Z (45%) e superando a Geração X (34%) e os baby boomers (30%).
“É fundamental compreender a mentalidade e as prioridades dos millennials, cujo impacto digital no mercado imobiliário está a transformar o processo de compra de casa”, afirma Sofía Gancedo, cofundadora e COO da Bricksave, plataforma que fornece acesso direto a oportunidades de investimento seguras e lastreadas em ativos reais internacionais.
O trabalho da Brain traz ainda outros insights sobre a relação entre as gerações Y e Z e o mercado imobiliário. Entre os 39% dos brasileiros que pretendem adquirir um imóvel, 45% pertencem à geração Z, também chamada de “nativos digitais”. Eles compartilham com seus antecessores da geração Y a principal motivação para a compra: a transição demográfica, ou seja, a saída do aluguel ou da casa dos pais ou o casamento.
Cabe lembrar, porém, que os millennials enfrentam um desafio: poupar para comprar uma casa ou apartamento. O estudo Tendências de Moradia, realizado em 2023 pelo DataZAP, do Grupo OLX, mostra que os millennials representam apenas 16% dos compradores de imóvel, enquanto a geração X e os baby boomers compõem 82% do grupo. Já no cenário das locações, os números mudam: a geração Y representa 27% das pessoas que vivem de aluguel, ficando atrás apenas da geração X, que somam 42%.
“A verdade é que esse público jovem que atravessa a era digital está reconfigurando o conceito de ser ‘dono’. Hoje existem alternativas no mercado que lhes permitem adquirir uma casa própria de uma forma mais acessível. Ao reunir múltiplos investidores e agrupá-los para financiar grandes ativos imobiliários, esta prática facilita a entrada dos millennials no mundo imobiliário, alocando quantias menores para investimentos nos quais, de outra forma, seria muito mais difícil participar”, explica a COO da Bricksave. A tecnologia remodela todos os ambientes em que está envolvida e o setor imobiliário não é exceção. “A digitalização não só simplifica o acesso aos imóveis, mas também os aproxima de um público acostumado a passar grande parte do dia no celular”, destaca Gancedo.
E nesse contexto que as proptechs se tornam cada vez mais sofisticadas, que não só deu origem ao surgimento de novas plataformas de compra e venda de imóveis, mas também incentivou o uso de inovações como big data, geolocalização e criptomoedas no setor imobiliário. Sofia observa que uma das últimas inovações foi a tokenização combinada com blockchain, que garante mais transparência e flexibilidade para ativos com períodos de resgate de longo prazo e garante maior acesso a pequenos investidores .
“O processo consiste em criar uma representação digital do ativo para facilitar sua negociação no ambiente digital. Desta forma, o token gera uma série de códigos, baseados em regras e processos de identificação, que permitem a compra e venda do imóvel na sua totalidade ou em partes. Ao dividir o valor do imóvel em frações menores, a tokenização abre espaço para investidores iniciantes e com menos capital, como os millennials, e democratiza o acesso ao setor”, afirma a empresária.
Em linha com as tendências impulsionadas por este grupo de jovens e com o contexto econômico atual, algumas plataformas imobiliárias começaram a reduzir os prazos de investimento, ou seja, o período de tempo durante o qual os fundos estariam comprometidos com um determinado imóvel. Isto permite aos investidores reinvestir mais rapidamente os seus fundos em novas oportunidades e lhe oferece mais flexibilidade para se adaptar às mudanças nas condições do mercado. Além disso, abre a possibilidade de diversificar suas carteiras, alocando fundos para múltiplas propriedades em prazos mais curtos, o que distribui riscos e potencialmente melhora os retornos globais.
Assim, investir em imóveis torna-se uma alternativa mais atrativa para muitos millennials, que constituem 35% dos investidores em criptomoedas segundo estudo realizado pela CoinGecko. Embora seja um ativo com alto potencial de lucro no curto prazo, costuma ser considerado mais volátil, o que acarreta maior risco.
No Brasil, os millennials compõem a maior parte da população brasileira: são 34% da população total, e representam 50% da força de trabalho. Nesse sentido, é evidente que sua visão de mundo, seus interesses e sua forma de consumir abalam a economia e as tendências em todos os mercados. “No que diz respeito ao imobiliário, esta geração está abrindo caminho para um setor imobiliário pautado pela procura de alternativas acessíveis e tecnológicas e que desafia paradigmas estabelecidos, com os olhos postos num futuro financeiro mais sólido e contexto desafiante”, sustenta Gancedo.
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