Já pensou em ter um imóvel fora do Brasil? Pois bem, se você sonha em ter um cantinho para chamar de seu em outro país, a Flórida pode ser uma boa alternativa. Segundo o relatório Perfil da Atividade Imobiliária Residencial Internacional” (Profile of International Residential Real Estate Activity) da Florida Realtors Association, 55% dos brasileiros que compraram imóveis nos Estados Unidos escolheram o chamado Sunshine State como destino. Pelo número de compras de imóveis na Flórida, o Brasil ficou em quarto lugar entre todos os países, com 6% das vendas, o equivalente a US$ 700 milhões (cerca de R$ 3,5 bilhões), atrás apenas do Canadá, Argentina e Colômbia.

As razões são variadas. O estado tem clima parecido com o nosso e voos diretos para diversas cidades brasileiras, em viagens que duram em torno de nove horas. Apesar da desvalorização do Real frente ao dólar, a Flórida aparece como o 15º estado americano melhor para se viver. Em média, o custo de vida mensal de uma pessoa fica em torno de US$ 2,2 mil (aproximadamente R$ 10 mil por mês), incluindo as despesas com moradia.

Mas antes de comprar o imóvel, há alguns fatores a serem considerados. Se sua ideia é ter um segundo lar, vale a pena apostar nos condomínios residenciais ou de uso misto (mixed-use). Porém, se você acredita que também pode usar a casa no exterior como um investimento, abrindo a possibilidade do aluguel por temporada, busque  o imóvel perto das principais atrações de Orlando ou então apartamentos em condomínios novos nas áreas centrais de Miami (Downtown, Brickell e Midtown).

Em qualquer mercado há uma faixa ótima de preços, na qual a liquidez é maior. Portanto, quando lidamos com investimentos, mesmo que de longo prazo, deve-se considerar sempre a necessidade de venda. Na prática, isso significa escapar da tentação de comprar um imóvel muito barato, porque diminui a liquidez e aumenta o risco de venda abaixo do valor de mercado.

Dependendo do segmento e da sua disponibilidade financeira, comprar imóveis maiores pode ser muito vantajoso. É o caso das casas de férias em Orlando, que permitem aluguel por temporada. As mais valorizadas são as que têm três ou mais quartos. Já em Miami, não há condomínios similares aos de Orlando. 

Uma dica importante: se você pretende financiar a compra de seu imóvel na Flórida, saiba que a maioria dos bancos nos EUA não financiam propriedades abaixo de US$ 250 mil (R$ 1,2 milhão) para estrangeiros. Este limite sobe para US$ 300 mil (R$ 1,5 milhão) em alguns bancos.

Em contrapartida, o processo de financiamento de imóveis nos EUA é comum e pouco burocrático. Geralmente, a transação costuma demorar de 45 a 60 dias.

Os juros americanos são consideravelmente menores que os brasileiros. Também há a possibilidade de financiar diretamente com a incorporadora, quando se trata de um lançamento. Para aprovação do financiamento basta comprovar renda no Brasil. E a maioria dos bancos oferece atendimento em português.

Agora, atenção: nos Estados Unidos também é possível comprar imóveis em leilão ou que estão prestes a ir à leilão. A primeira modalidade chama-se foreclosure e, a segunda, short sale. Os imóveis comprados em leilão quase sempre precisam de boas reformas. Geralmente permanecem fechados por um longo período sofrendo os efeitos danosos da alta umidade da Flórida. O que mantém regulada a umidade no interior dos imóveis é o ar-condicionado ligado. Imóveis vendidos em leilão podem ficar até dois  anos fechados, criando mofo, corroendo o drywall e causando outros estragos. Sem falar que, não raras vezes, esses  imóveis são depredados pelos antigos donos antes de serem entregues aos bancos.

É claro que os preços ofertados em leilão são consideravelmente abaixo do valor de mercado. A questão é comparar o deságio com o valor da reforma. Na prática sabemos que reformas trazem uma série de imprevistos e que as chances de estourar o orçamento são grandes. Ou seja, se puder, fuja do leilão.