Procura de imóveis residenciais registra alta de 77%
A redução nos juros, a maior oferta de crédito imobiliário e a flexibilização das medidas de distanciamento social aquecem o mercado de compra e venda de imóveis do Rio de Janeiro mesmo em tempos de pandemia. É o que indicam pesquisas da Apsa e do Secovi Rio (Sindicato da Habitação). O crescimento de busca pela compra de imóveis residenciais foi de 77% entre junho e agosto, na comparação com os três primeiros meses do ano, de acordo com a Apsa. “Os motivos são os mais diversos, mas destaco que o principal é a necessidade das pessoas em se adequar a uma nova realidade de vida, seja profissionalmente (home office), pessoal (novas opções de lazer e facilidades próximas as suas residências) ou financeira (adequação a uma nova realidade financeira)”, analisa Gustavo Araújo, gerente de Negócios da Apsa.
Segundo o Secovi Rio, esse foi o melhor agosto dos últimos quatro anos para a compra de imóveis na cidade. Desde 2017 não se fechavam tantos negócios residenciais entre compradores e vendedores. Foram quase 3.500 só no mês passado. Copacabana e Tijuca concentraram 63% da procura dentre os bairros monitorados. De janeiro a agosto, pesquisa do sindicato aponta que foram feitas mais de 18.237 transações residenciais, sendo quase 20% apenas no mês de agosto. Leblon (R$ 2.513.896), Ipanema (R$ 2.424.344) e Barra da Tijuca (R$ 1.400.720) reuniram os valores médios mais altos de imóveis no período. Para Leonardo Schneider, vice-presidente do Secovi Rio, a fase de retomada da economia deu mais segurança para as pessoas enxergarem boas oportunidades. “A expectativa é que esse cenário otimista ganhe ainda mais força ao longo do ano e estimule novas vendas”, prevê Schneider.
Na Martinelli Imóveis, por exemplo, a alta no período foi de 30%, de acordo com André Moreira, diretor da imobiliária. “Foi realmente um agosto fora da curva. Vendemos imóveis na planta como o Reference Life Resort, no Recreio dos Bandeirantes, e o Be Happy, na Taquara, além das unidades prontas via agente financeiro. As taxas de juros mais baixas impulsionaram esses resultados, dando mais oportunidades de compra para quem deseja morar ou investir”, avalia Moreira.
Tijuca e Copacabana
Na Concal, esse aumento foi percebido no residencial Reserva do Conde, na Tijuca. “Nos últimos meses realmente tivemos um aumento tanto na procura quanto nas vendas. Percebemos dois movimentos. Em um deles temos alguns clientes comprando imóvel como forma de investimento no nosso empreendimento Reserva do Conde, na Tijuca. Além disso, tivemos algumas vendas realizadas com pagamento à vista em que o comprador irá colocar o imóvel para ganhar com o aluguel e ganhar com a valorização imobiliária dos próximos anos. Outro movimento que notamos foi o do consumidor final. Com a maior oferta de crédito imobiliário com taxas mais atrativas, as parcelas ficam menores aumentando a base de clientes que podem comprar”, afirma Paulo Araújo, diretor de Incorporação da Concal.
A Fernandes Araujo também sentiu um aumento no fechamento de negócios no Art’e Tijuca, que está pronto para morar. “A empresa registrou nos dois últimos meses alta de 20% na comparação com o mesmo período do ano passado. São famílias querendo fazer um upgrade de moradia, ainda mais depois da experiência do isolamento social, para condomínios com apartamentos mais amplos, além de lazer completo e segurança”, conta Flavia Katz, gerente de Marketing da construtora. Ela diz ainda que a construtora prepara ainda para este ano o lançamento de um residencial em Olaria com lazer completo e segurança. Vale ressaltar que a região não recebe empreendimentos há muitos anos.
Em Copacabana, bairro que não recebia novos residenciais há 40 anos, a Bait lançou recentemente já com muita procura o Atlantico Bait, que será construído no último terreno livre da orla. Para o sócio da Konek Estruturação Imobiliária, Marco Adnet, realmente o mês de agosto foi muito bom para quem lançou também. “Houve um ‘efeito elástico’, ou seja, depois de alguns meses o índice de confiança ainda estava muito baixo, mas com a recuperação da economia, principalmente, no setor de construção, fez com que as pessoas percebessem que as obras não pararam e o ‘efeito elástico de volta’ foi rapidamente para produtos inovadores como foi o caso dos estúdios em Copacabana, que desenvolvemos para a D2J Construtora, e que está em pré-lançamento. Batizado de Sefie, o empreendimento é adequado, está no lugar certo e no momento certo também. O lançamento oficial será em outubro, mas já temos uma boa demanda na pré-venda”, conta Adnet.
Bons resultados fora do Rio
O aumento da procura foi percebido também por empresas com projetos fora do Rio. Em Niterói, a Proart Engenharia, por exemplo, fez o pré-lançamento digital do Connect Icaraí e o empreendimento está com 60% das unidades vendidas. O residencial, com 75 apartamentos entre dois e três quartos, tem preços a partir de R$ 619 mil e lazer completo com itens como coworking, arena interativa, estúdio de vídeo e pet care, além de pet park. “O mercado aqueceu muito nos últimos meses. Com a pandemia as pessoas passaram a dar mais valor aos espaços de dentro de casa e os apartamentos amplos, com varanda gourmet tiveram muita procura. Observamos um aumento de mais de 100% nas vendas na comparação com o mesmo período do ano passado”, conta Claudia Muller, gerente Comercial da Proart. A construtora tem residenciais em Santa Rosa, com mais de 90% das unidades comercializadas e em fase final de obra, e em Charitas, que foi entregue recentemente e que conta com poucas unidades à venda.
Região Serrana
Para a Riooito Incorporações, julho e agosto foram meses bem potentes com 50 unidades vendidas no Cenário da Montanha, em Itaipava, e no Cenário dos Pássaros, em Teresópolis. “Essa melhora se justifica pela ansiedade das pessoas na pandemia de procurar a moradia própria em condomínios com plantas mais espaçosas, além de lazer amplo e com muito verde. Os clientes estão querendo mudança, pois são seis meses de reclusão. E para quem mora em um imóvel desconfortável, a decisão de mudar pesa muito, o que aumenta a demanda”, diz Clara Navarro, gerente de Marketing da Riooito. Clara adianta que a construtora prevê lançar ainda este ano dois residenciais, um em Petrópolis e outro em Piabetá.
Baixada Fluminense
A Riviera Construtora sentiu os efeitos positivos do período no Central Park Riviera, bairro planejado que está sendo construído em Duque de Caxias. “A taxa Selic em 2%, que foi a mínima histórica, impulsionou as vendas na Riviera Construtora que já vinham em crescimento durante a pandemia. Comparando com agosto de 2018, por exemplo, quase quadruplicamos o VGV (Valor Geral de Vendas) em agosto deste ano. O perfil familiar de quem compra uma unidade no Central Park Riviera é de jovens e de casais conquistando o primeiro imóvel. Também há clientes comprando para futuramente ter uma renda extra com o aluguel do imóvel”, conta Jamille Cavalcante Dias, gerente de Vendas e de Marketing da Riviera.
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