Mais brasileiros vão trocar o aluguel pela casa própria
Mercado imobiliário comemora a taxa básica de juros (Selic) a 2,25% ao ano, menor patamar histórico, anunciada mais cedo pelo Copom (Comitê de Política Monetária). Para o presidente da Ademi-RJ (Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário), Claudio Hermolin, essas quedas na taxa garantem que o percentual de financiamento vai continuar no mínimo do patamar que temos hoje (taxa de 2,95% ao ano mais IPCA na Caixa), considerado o mais baixo da casa própria, e abre espaço para uma nova queda nos juros do financiamento imobiliário. “O impacto é super positivo. Mostra que essa tendência de manutenção de juros baixos para crédito imobiliário ainda vai permanecer e o mercado tem uma dependência muito grande no crédito e mantendo as taxas atrativas para o financiamento imobiliário, conseguimos fazer com que o mercado tenha essa atratividade, mesmo neste momento difícil que estamos vivendo de pandemia, já que o crédito imobiliário é uma alavanca importante para o setor”, analisa Hermolin.
Segundo Rafael Duarte, diretor da Ello Desenvolvimento Imobiliário, no mercado imobiliário do Brasil de 80 a 85% dos imóveis são vendidos financiados. Com uma taxa de juros muito baixa, o consumidor poderá com sua renda financiar um valor maior e ganhar capacidade de compra real. “Com certeza vai encorajar muitos compradores a sair do aluguel com a diminuição do valor das prestações”, prevê Duarte. Cenários nunca vistos no brasil. Para o diretor de Incorporação da Concal, Paulo Araujo, o mercado imobiliário é o mais beneficiado com a redução da taxa básica de juros. “Somos um setor que mais sofre impacto, pois os compradores precisam de crédito. E agora o crédito está barato como nunca esteve. Vamos impulsionar a economia e viver uma nova onda forte de crescimento. Os imóveis irão valorizar”, afirma Araujo.
De acordo com o cofundador da Melhortaxa, Rafael Sasso, com as quedas da Selic estamos acompanhando uma aproximação ainda maior do crédito imobiliário com o mercado de capitais. “Mais investidores, mais dinheiro, mais fundos sendo lançados, isso com certeza vai se traduzir em mais capital e mais reduções. Porque ao mesmo tempo os grandes bancos estão tendo uma pressão muito grande para baixar mais as suas taxas”, comenta Sasso. Ele diz ainda que a portabilidade de crédito (trocar uma dívida mais cara por outra mais em conta) se desenvolveu muito recentemente no Brasil de uma maneira muito forte e vai se ampliar mais. A população está descobrindo o que é a portabilidade e tem pressão para mais queda de juros. “Hoje, você tem fundos de investimentos já emprestando a custos muito próximos ou um pouco abaixo do que o CET (Custo Efetivo Total) dos cinco maiores bancos. Já tem banco de segunda linha oferecendo crédito imobiliário a 5% ao ano mais IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), não é TR (Taxa Referencial), mas são taxas super interessantes que não víamos há muito tempo, quer dizer, que nunca vimos na verdade”, conclui Sasso.
Momento favorável também para o investidor
Para André Moreira, diretor da Martinelli Imóveis, o impacto também é positivo para os investidores. “Muitas unidades prontas para receber esse financiamento estão sendo vendidas, proporcionando aos investidores realizar seus investimentos e reinvestir em unidades novas em lançamentos”, avalia Moreira.
Taxa de juros pode chegar a 6,5% ao ano
Após a forte sequência de quedas nas taxas de juros dos financiamentos habitacionais no ciclo iniciado desde o ano passado, o novo corte da Selic em 0,75 ponto percentual (pp) pode levar a um repasse adicional de mais 0,5 pp aos novos contratos, segundo a Credihome, plataforma de soluções de crédito para compradores e proprietários de imóveis. “Entendemos que os principais players de crédito devem afunilar as taxas ao redor de 7% com um viés de baixa podendo chegar até 6,5% em algumas situações de clientes com avaliação alta de crédito. Assim, saímos de uma faixa de 7% a 7,99% para outra entre 6,50% a 7%, gerando um representativo impacto na redução do custo do crédito para aquisição de imóveis”, afirma Bruno Gama, CEO da Credihome.
A preocupação com renda e inadimplência, no entanto, segue no radar. No último corte da Selic para 3% ao ano, as incertezas sobre o cenário no pós-pandemia impediram um repasse da queda para os financiamentos imobiliários. De acordo com Gama, apesar de a situação ainda não estar controlada, os impactos percebidos pelo setor até agora foram menores que o esperado, restaurando os níveis de confiança e abrindo espaço para novos repasses da queda de juros para o consumidor a partir desse corte.
“Em junho, já com o entendimento mais claro dos impactos da crise, enxergamos uma retomada mais forte do mercado imobiliário a partir de reabertura da economia, que se inicia agora, indicando uma retomada da demanda. O impacto da inadimplência nas carteiras de crédito existiu, e ainda está sendo analisado, mas por enquanto, não pareceu muito significativo”, aponta Gama.
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