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Os reflexos da nova alta da Selic na economia brasileira

Por: Robson Macedo, CEO da BidYou, assessoria de investimentos imobiliários.

A nova alta da Selic para 13,75% consumada ontem pelo Comitê de Política Monetária (Copom) já era esperada pelo mercado, ou seja, já estava precificado nos impactos e preços. O relevante desta reunião é a explicação dada pelo comitê para o aumento e as prováveis ações nas próximas ações reuniões. Ao se debruçar nos dados correntes que influenciam na inflação percebe que o núcleo de serviços ainda se mantem alto, acima da meta. Por outro lado, o efeito da redução do ICMS contribuiu para uma queda das commodities, especificamente a gasolina.

Fica nítido que as ações do Banco Central vêm exercendo o que o compete: a adoção de uma politica monetária contracionista reduzindo os estímulos de consumo com a alta de juros. Contudo, fica difícil ser muito otimista quanto a uma rápida queda da inflação diante de uma dicotomia tendo em vista a expansão fiscal. A questão que fica é: a politica fiscal está na contramão da politica monetária tornando um obstáculo no objetivo de redução da inflação?

Sendo assim, a relação causa/efeito para a população se mantém inalterada. O aumento da Selic eleva a taxa de empréstimo e financiamento com a finalidade de reduzir o consumo que, por sua vez, tende a reduzir as receitas das empresas e, por consequência, o crescimento do desemprego. Porém, este efeito não tem se apresentado segundo o principio da curva de Phillips, em que a relação entre inflação e desemprego decorre do fato de que, quanto maior a taxa de desemprego, menos renda é gerada na economia, seja porque menos empregos são criados, seja porque os empregos criados pagam menores salários.

No mercado imobiliário o efeito também permanece com sinais negativos. A alta traz cautela ao mercado de Real Estate devido à redução do crédito imobiliário e ao crescimento dos preços de insumos de construção civil representado pelo INCC. Esta dinâmica dos preços dos insumos resulta em uma maior prudência dos investidores imobiliários. Em compensação, dada esta incerteza macroeconômica, o investimento em ativo real, imóveis, atua como um potencial de “reserva de valor”. Este efeito explica a razão porque os imóveis de alto valor estão tendo uma procura significante na comparação com os móveis de baixo valor. O reflexo também é percebido no aumento de investidores em leilões de imóveis.

Em resumo: o cenário futuro ainda continua indefinido visto que, o Copom declarou que avaliará a necessidade de um ajuste residual, de menor magnitude em sua próxima reunião. Além disso, é importante lembrar que o aumento dos juros americanos acaba impactando sobre os juros doméstico. Finalizando, o comitê enfatiza que seguirá monitorando as pressões inflacionárias globais e que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados para assegurar a convergência da inflação para a meta, olhando para a conjuntura global.

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