Moradias do futuro: sustentabilidade, tecnologia, unidades compactas e compartilhamento
Mais sustentabilidade, tecnologia, unidades compactas e o compartilhamento de ambientes e de experiências estarão presentes nas moradias da próxima década. De olho nesse cenário futurista, mas com a visão de agora, o mercado imobiliário vem antecipando algumas tendências. O imóvel compacto é uma delas. “Os projetos que seguem esse conceito oferecem unidades menores, mas sem esquecer do conforto, da conveniência e de serviços como lavanderia para atender esse cliente. Em São Paulo, por exemplo, nos últimos cinco anos foram lançadas mais de 28 mil unidades compactas e foi um sucesso. No Rio de Janeiro, com a mudança de legislação que aconteceu esse ano, já é possível lançar este tipo de imóvel. Para 2020, a Concal pretende lançar cinco empreendimentos com unidades compactas, sendo três na Zona Sul e dois na Zona Norte”, afirma José Conde Caldas, presidente da Concal.
Os condomínios de hoje e os do futuro contarão com ainda mais conveniências. “A forma de morar está mudando porque as pessoas estão em busca de facilidades e de tecnologia. O ‘morar perto do trabalho’ faz ainda mais sentido com o uso dos carros compartilhados por aplicativos que encurtam as distâncias. Com a chegada dos aplicativos de entrega, as compras pela internet têm sido a escolha da grande maioria dos consumidores que compram desde pequenos produtos, refeições e até compras de supermercado”, afirma Jomar Monnerat, diretor do Opportunity Fundo de Investimento Imobiliário. Segundo Monnerat, para o Maison Laranjeiras, residencial que a empresa lançou recentemente em Laranjeiras, em parceria com a Schipper Engenharia, foi criado o Espaço Delivery para o recebimento e o armazenamento de encomendas, inclusive refrigeradas. O Maison também terá bicicletários com tomadas para bicicletas elétricas, além da entrega de carregadores para carros elétricos. “Nas unidades, projetamos cozinhas abertas e integradas à sala, transformando este ambiente em uma área social. Oferecemos já no lançamento a possibilidade de varandas fechadas com esquadria de vidro. Este ambiente ainda conta com a entrega da bancada gourmet equipada com churrasqueira, reforçando ainda mais o conceito de socialização do ‘ato de cozinhar’”, afirma.
Para Sanderson Fernandes, diretor da Avanço Realizações Imobiliárias, o espaço pet é uma realidade que veio para ficar e que está presente no Park View, residencial lançado pela empresa este ano no Recreio dos Bandeirantes. “Já os produtos da marca Now que levamos para a Zona Norte são entregues com varanda Trendy (sonorização ambiente integrada com a sala, cooktop elétrico, ponto de TV e Frigobar), fechadura biométrica e boxes para os moradores guardarem seus pertences. Esse último item é mais uma tendência das moradias do futuro, pois o cliente não precisa mais ter aquele quarto nos fundos para guardar seus objetos”, ressalta Fernandes.
Flavia Katz, gerente de Marketing da Fernandes Araujo, destaca que as áreas de lazer dos empreendimentos do futuro também serão bem diferentes. “No Art’e Tijuca, residencial que vamos entregar em março de 2020, colocamos alguns ambientes que reforçam algumas preferências. O Espaço Crossfit é um exemplo, pois ele vai além da academia convencional encontrada nos condomínios de hoje. Isso porque identificamos a preferência por esse tipo de exercício e decidimos incluir no projeto. O residencial também contará com o Espaço Festas e Arte Culinária, que será um local para que todos possam colocar em prática suas habilidades gastronômicas e que segue a tendência do compartilhamento de experiências da geração millennials”, conta. Outra iniciativa da Fernandes Araujo, segundo ela, foi a criação de uma websérie de decoração que foi toda gravada montando o apartamento decorado do empreendimento. “Com essa nova geração toda conectada, encontramos uma forma de passar conteúdo sobre decoração de forma funcional, econômica e online via Instagram da construtora”, conta Flavia.
Projeto em cocriação com clientes
Na Tegra, uma tendência são os projetos em cocriação com o cliente para identificar preferências de acordo com as alterações de rotina e de hábitos. Em seus mais recentes lançamentos, algumas medidas sustentáveis como tomada para carros e bicicletas elétricas nas garagens, placas solares para abastecer as áreas comuns, recolhimento de óleo e lixo orgânico, por exemplo, foram incorporadas aos projetos. “Desenvolvemos empreendimentos para que as pessoas vivam melhor. Se o mundo mudou, a moradia das pessoas precisa se adaptar”, diz Alexandre Fonseca, diretor geral do Rio de Janeiro da Tegra Incorporadora.
Com todas essas características antecipadas pelo mercado, especialistas já desenham como será o futuro ainda mais distante das moradias. “Assim como se compartilham hoje os espaços de escritórios, assim deverá também ser no futuro das moradias. Ou seja, as pessoas vão compartilhar áreas de serviço para lavagem de roupas, salas de visita e outros. Já há condomínios com adegas climatizadas compartilhadas em que cada apartamento tem seu espaço em área comum onde as pessoas se encontram, com cafeteria, salão de leitura. Os imóveis do futuro deverão ser somente para as pessoas passarem a noite e utilizar o banheiro; fora desse ambiente tudo deverá ser compartilhado. Essa questão de domínio único do imóvel deverá mudar com o tempo. Há uma tendência para isso”, analisa Marcel Galper, gerente de Vendas da Precisão Vendas.
De acordo com Marcio Cardoso, presidente da Sawala Imobiliária, o futuro vai além da tipologia e da infraestrutura. “Os imóveis serão otimizados, praticamente controlados e monitorados via celular. Teremos menos condomínios clubes, o lazer será mais eficiente e o condomínio será voltado para sustentabilidade, gerando menos custos para o morador”, diz.
Publicar comentário