Crescimento dos Consórcios em 2024: Recorde de Adesões e Tendências do Mercado
Em 2024, o crescimento dos consórcios apresentou um recorde de adesões, atingindo 4,49 milhões de vendas de cotas, no acumulado de janeiro a dezembro. Ao anotar 7,4% sobre o total de 2023 no mesmo período, contabilizou R$ 378,73 bilhões em negócios realizados, com 11,21 milhões de participantes ativos, conquistando consecutivamente, mês após mês, montantes inéditos.
Pesquisas avaliam a evolução do Sistema de Consórcios
A exemplo de anos anteriores, a Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios (ABAC) encomendou pesquisas qualitativa e quantitativa à Kantar Brasil, líder em dados, insights e consultoria, com o objetivo de avaliar as razões dessa evolução do Sistema de Consórcios.
Realizados em setembro, as entrevistas e os grupos de trabalho captaram as percepções de consorciados e de potenciais participantes quanto às vantagens e desvantagens da modalidade. Buscou-se identificar pontos de aprimoramento.
Metodologia e perfil dos entrevistados
A pesquisa, desenvolvida nas cinco regiões do país, incluiu entrevistas com 1.600 consumidores em situações específicas e quatro sessões de discussões em grupo. O total de entrevistados, composto por 50% homens e 50% por mulheres, na faixa etária dos 18 a 45 anos, sendo 46% de 18 a 29 anos e 54% de 30 a 45 anos, foram, basicamente, de três classes sociais. A abrangência incluiu 45% da A e B e 55% da C.
Na metodologia aplicada, foram consultados 55% de conhecedores da modalidade e 45% de usuários, originários das regiões: Sudeste, com 48%; Nordeste, com 21%; Sul, com 16%; Centro-Oeste, com 8%; e Norte, com 7%.
A fase qualitativa envolveu os gêneros masculino e feminino na faixa etária entre 29 e 57 anos, das classes A, B, B2 e C. Foram organizados quatro grupos de discussão: dois formados por consorciados de imóveis e de veículos e outros dois somente com desistentes.
Percepções e mudança de comportamento dos consumidores
Pelo foco qualitativo, nas sessões de discussões foram observadas algumas percepções sobre como “controlar o impulso de comprar”, “pensar a longo prazo”, “guardar dinheiro, ter uma reserva” e “saber exatamente quanto gasta”.
Uma novidade apresentada, que reforçou a mudança de postura, esteve naqueles que, por saber mais sobre educação financeira, entenderam o consórcio como parte de seu planejamento.
Na conclusão desta pesquisa qualitativa, houve citações que valorizaram o consórcio como sendo uma “escolha mais inteligente” do que o financiamento, mais alinhada aos preceitos da educação financeira.
Nível de conhecimento sobre consórcio
Ainda entre os conhecedores de consórcio, o nível de informação básica foi bastante elevado na classe C, com 66%, principalmente na região Sul, onde atingiu 69%, em especial entre as mulheres e os jovens de 18 a 29 anos, com 58%, indicadores que sinalizam bom potencial de futuras adesões.
Com nível médio de informação, as classes A e B tiveram 39% contra 30% da classe C. Em geral, os percentuais relativos a esse nível de conhecimento variaram entre 29% a 39% para os quesitos sexo, idade, classe social e região geográfica.
Crescimento na adesão ao consórcio de veículos e imóveis
Nestes dois temas, apesar da estabilidade com viés positivo de conhecimento, houve, em relação a consórcio para carros, maior contingente de participantes ativos, configurando um avanço de quatro pontos percentuais de 2023 para 2024 (81% para 85%). Como consequência, houve um ponto a mais na experimentação, ao pular de 56% para 57%, no mesmo período.
No segmento de imóveis, um dos mais procurados em 2024, com terceira maior presença de participantes ativos, ocorreu ligeira retração no conhecimento, de 68% para 67%, enquanto na experimentação, caiu de 26% para 25%, o que demonstra estabilidade.
Razões para adesão e desistência do consórcio
Ao comentarem as razões das adesões a grupos de carros, motos, imóveis ou outros bens e serviços, os usuários entrevistados repetiram espontaneamente: “O consórcio é um jeito de guardar dinheiro”.
Entre os que nunca compraram cota de consórcio, as justificativas apontadas com maior indicação foram:
- “Prefiro poupar e comprar o bem à vista”;
- “No consórcio demora muito para receber o bem”;
- “Receio de não conseguir pagar as prestações até o fim”.
Confiança e satisfação dos consorciados
Nos dois principais itens, nas pontuações que indicam ser os quesitos extremamente relevantes, houve a somatória de 75% na segurança, em 2023, com evolução para 79%, no ano passado. Os mesmos índices, repetidos para o atendimento do propósito, evoluíram de 75% para 79%, demonstrando o alto nível de contentamento.
Na totalidade dos entrevistados, os dois locais mais procurados foram os pontos de vendas como lojas, agências de bancos, concessionárias, e os amigos e parentes. Ambos empataram em 29%. O crescimento das propagandas pela internet nos últimos quatro anos também despertou o interesse.
Entre todos, 50% afirmaram ser muito provável a recomendação. Os outros 50% ficaram divididos em 29 pontos percentuais para estreitamento de relacionamento e 21 para situações indefinidas.
Tendências para 2025 no mercado de consórcios
Dos questionados, 69% pretendem aderir a uma cota de consórcio em 2025, enquanto 31% responderam negativamente. De maneira geral, 44% mencionaram consórcios de imóveis, 38% citaram os veículos leves, enquanto as motocicletas ficaram com 20%. Em seguida, apareceram os eletroeletrônicos, com 12%; os veículos pesados, com 14%; os serviços, com 15%; e outros, com 2%.
Ao resumir os comentários, sugestões e críticas, observados na pesquisa qualitativa e quantitativa, foi possível compreender as principais razões do crescimento do Sistema de Consórcios durante 2024.
O consórcio como aliado do planejamento financeiro
A menor burocracia e os custos mais baixos, por vezes comparados a outras formas de aquisição de bens, vêm se tornando um diferencial motivador para adesão. Paulo Roberto Rossi, presidente executivo da ABAC, detalhou que “os dados comparativos, quantitativo ou qualitativo, traçaram um perfil de participante mais atento aos compromissos, tendo o Sistema de Consórcios como um aliado para a aquisição de bens ou contratação de serviços”.
Para finalizar, Rossi comentou os resultados sintetizando que “a evolução do brasileiro sobre conhecimento em educação financeira proporcionou, direta e indiretamente, o forte crescimento dos consórcios no ano passado.”
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