13º salário: amortizar financiamento imobiliário ou investir?
O pagamento da segunda parcela do 13º significa, para muitas famílias, um momento importante de decisão financeira principalmente se há parcelas de financiamentos da casa própria. No Brasil, de acordo com uma pesquisa realizada pelo Datafolha e uma startup do setor imobiliário, empréstimos respondem por 52% da maneira deste tipo de aquisição. Em valores reais, somente de janeiro a outubro deste ano foram aportados 151.197 milhões de reais em empréstimos, 88% de todo do o valor de 2021 segundo dados da Abecip (Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança).
Com isso, fica claro identificar que muitas famílias terão que escolher entre a amortização de parcelas ou o investimento deste dinheiro. Segundo Rafael Pena, gestor de Equipes na Investsmart XP, a primeira coisa que deve ser levada em consideração é a existência da reserva de emergência. “Analisar as condições existentes é importante para encontrar a alternativa mais interessante. Comece avaliando sua condição financeira hoje, formando um fôlego, caso aconteça alguma emergência no caminho. O ideal é ter cerca de 12 até 24 meses dos custos mensais de vida em reserva, para emergências”, pondera Pena.
Caso as parcelas do financiamento estejam previstas dentro das despesas mensais sem causar rombos no orçamento, o ideal é investir este dinheiro extra, mesmo que seja de forma conservadora. O momento é bom como ressalta Matheus Costa, especialista em crédito da BankRio Credit. “Estamos no momento de alta da Selic (taxa básica de juros), o que faz com que seja possível aos investidores aplicarem os valores em títulos indexados pela taxa de juros do país e obter retornos nos investimentos relevantes sem se exporem a riscos desnecessários”, analisa Costa.
Desta forma, eventuais emergências ou gastos inesperados podem ser cumpridos sem o comprometimento das contas do mês, inclusive das parcelas do financiamento imobiliário. Vale lembrar que o primeiro mês do ano é sempre de muitas despesas extras como IPVA, IPTU, matrículas e materiais escolares. Não ter uma reserva extra para quitá-las pode deixar rastros ao longo de todo o ano.
Pena, que já operou como assessor de investimentos, traz outro ponto que deve ser analisado no cenário de 13º “sobrando”: o Custo Efetivo Total (CET). “Identifique o CET do seu financiamento e compare com as taxas oferecidas por outras opções de investimento. Se o retorno da aplicação for maior que o seu CET, vale a pena manter o recurso aplicado”, revela. Caso as aplicações disponíveis não sejam suficientes para cobrir o CET da operação de financiamento, o ideal é antecipar as prestações, dá última para primeira. “As últimas parcelas possuem uma incisão de juros menores, já que o saldo devedor também é menor, fazendo com que a parcela paga seja mais amortização de dívida e menos pagamento de juros”, diz.
É importante também colocar nesta balança o temido e sempre presente Imposto de Renda. “Quando realizamos a compra de um imóvel através de financiamento, podemos declarar essa dívida para a receita federal e caso o cliente queira vender esse imóvel no futuro e tenha lucro nessa transação, poderá abater do imposto a ser pago sob o lucro o valor que pagou de juros durante esse tempo”, alerta Matheus. Nesse caso, pagar juros faz com que possa pagar menos imposto a receita após a venda do imóvel.
O especialista conclui que a resposta certa não existe. Saúde financeira, investimentos e pagamentos de parcelas variam de acordo com a realidade de cada família, sem fórmulas mágicas. Para evitar a tomada de decisões erradas, é fundamental consultar especialistas de investimento, crédito e corretores de imóveis.
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