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Os novos bairros do Rio de Janeiro

Por Emilio Izquierdo Merlo – CEO da IDB Brasil, empresa responsável pelo projeto MARAEY.

Após quase sete meses de quarentena, os brasileiros ainda buscam se adaptar a todas as mudanças de estilo de vida impostas pela pandemia. Muitos, no entanto, mais do que a simples tentativa de “se encaixar no novo normal”, optam por aproveitar o momento para repensar como e onde vivem. O trabalho remoto – impensável para uma sociedade gregária – tornou-se imperativo, assim como a constatação da diferença que uma varanda e espaços amplos e arejados podem ter na saúde física e mental.

O desejo de morar numa casa espaçosa, com quintal e área verde, antes restrito a condomínios fechados na Zona Oeste ou cidades vizinhas à capital, agora pode ser alcançado em outras regiões do Estado, como a Costa do Sol, Costa Verde e a Região Serrana. Um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), com base em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostra que, em todo o País, 20,8 milhões de pessoas têm potencial para desempenhar suas atividades remotamente, mais de 2 milhões de trabalhadores, somente no Estado do Rio de Janeiro. Outro dado relevante é o aumento de 96% na procura por imóvel com quintal entre maio de 2019 e maio de 2020, segundo levantamento do portal Imovelweb. É uma grande oportunidade para o desenvolvimento de diversos municípios periféricos.

Uma oportunidade que nos obriga a repensar o planejamento urbano do futuro. E nesta linha, o Rio de Janeiro tem a possibilidade de abrir espaços para o seu desenvolvimento nos quais se impõe a necessidade de preservar a ocupação e a construção sustentáveis, que tem como compromisso a incorporação das novas tecnologias e o envolvimento do cidadão para a conquista de espaços, convivência melhor, mais segura, mais inclusiva e mais justa.

O setor imobiliário está respondendo de forma surpreendente aos novos anseios da população, com crescimento de até 23% na concessão de crédito imobiliário devido às taxas de juros historicamente baixas e à ideia difundida de olhar o mercado imobiliário como porto seguro em tempos turbulentos. O setor, no entanto, pelo impacto que tem no consumo de recursos e na intervenção no ambiente, não está imune a cobranças, pelo contrário. Somente aqueles empreendedores que realmente incorporam tecnologia em seus processos construtivos, eficiência energética e uso de energias renováveis e de materiais de baixo impacto e recicláveis, irão conseguir atrair e reter seus novos moradores. Pegada zero de carbono é a obrigação moral e empresarial que todos os agentes envolvidos neste mercado devem cumprir.

Além disso, não podemos esquecer o uso de novas tecnologias para coletar dados e assim monitorar e gerenciar importantes ações ambientais (poluição, flora e fauna), transporte, resíduos, saneamento e água, a Internet das Coisas integrada em edifícios e uma longa lista de aplicações. Cidades inteligentes, outra tendência que devemos inserir nos nossos processos urbanísticos e construtivos, que passa necessariamente, também, pela participação dos seus habitantes, que terão à sua disposição informações e plataformas de caráter consultivo e participativo para que sejam parte importante e ativa do desenvolvimento da sua comunidade.

Estamos diante de um cenário propício para desenvolver “novos bairros no Rio de janeiro” e promover um setor intensivo em mão de obra, que muito pode ajudar na tão necessária recuperação econômica. A região metropolitana do Rio de Janeiro, como ocorre em muitas outras cidades do mundo com alta densidade populacional, deve facilitar, no plano administrativo, o desenvolvimento de novos espaços urbanos que contemplem e sejam exemplares nessas novas tendências: respeito ao meio ambiente, eficiência energética, qualidade, design, segurança, vanguarda tecnológica e integração social.

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