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Combate a incêndios em prédios: por que deve ser uma prioridade?

combate a incêndios em prédios é uma questão urgente que precisa ser levada a sério. Todos os anos, são registrados no país mais de dois mil incêndios estruturais comerciais, ou seja, aqueles que ocorrem em locais com circulação de pessoas (shoppings, hospitais, museus, escolas, prédios públicos, etc.), de acordo com dados do Instituto Sprinkler Brasil (ISB). Grande parte desses incêndios acontece por problemas de qualidade de equipamento, falta de manutenção, erros de projetos e de instalação, além de problemas de treinamento da mão de obra.

Legislação e Fiscalização São Insuficientes

A legislação de prevenção e combate a incêndios em prédios é estadual, mas nem todos os estabelecimentos a aplicam corretamente. É dever do responsável técnico em prevenção contra incêndios da edificação testar e certificar o funcionamento dos sistemas. No entanto, o estado exige a instalação dos sistemas de prevenção e combate, mas não tem efetivo suficiente para fiscalizar todas as edificações. Isso resulta em sistemas que teoricamente atendem à legislação, mas que podem falhar justamente no momento mais crítico: durante um incêndio.

Prevenção Como Investimento e Responsabilidade Social

“A prevenção contra incêndios não deve ser vista como um custo para o negócio, mas sim como um investimento em responsabilidade social, reputação da marca e, inclusive, de redução de custos. Devemos partir do princípio que incidentes acontecem e, quando ocorrem em estabelecimentos que não estão preparados, podem gerar danos irreparáveis”, afirma José Renato Nogaroli Filho, engenheiro civil e especialista em Engenharia de Segurança Contra Incêndio e Pânico.

Casos de Incêndios Marcantes no Brasil

Se puxarmos pela memória, podemos trazer vários exemplos, como o incêndio que destruiu o Museu Nacional, no Rio de Janeiro, resultando em perdas incalculáveis do ponto de vista histórico e científico. Além disso, os custos de recuperação foram altíssimos, com uma obra de reconstrução orçada em R$ 69 milhões.

Outro caso marcante foi a tragédia na Boate Kiss, em 2013, em Santa Maria, no Rio Grande do Sul. Esse foi um dos incêndios mais devastadores do país, com 242 mortes e 636 feridos. As indenizações pagas pelo poder público e pela boate chegaram a valores significativos. Em 2022, o Ministério Público Federal firmou um acordo para pagamento de R$ 60 milhões às famílias das vítimas.

“Casos como estes acendem um alerta para a sociedade brasileira, que passa a cobrar mais fiscalização do poder público e maior preocupação da iniciativa privada. Mas ainda caminhamos em passos lentos”, observa Nogaroli Filho.

Brasil Ainda Usa Sistemas Defasados

Enquanto países como Japão e Alemanha utilizam inteligência artificial para monitoramento de incêndios, com sensores térmicos avançados e dispositivos automáticos de supressão em áreas críticas, grande parte dos estabelecimentos no Brasil ainda utiliza sistemas de prevenção mais básicos. Muitos locais ainda dependem exclusivamente de extintores e hidrantes, equipamentos obrigatórios desde a década de 1970, quando os Corpos de Bombeiros passaram a ser responsáveis pela fiscalização.

Adoção de Sprinklers Ainda É Baixa

Uma pesquisa realizada pelo Instituto Ipsos a pedido do ISB revelou que o grau de adoção de sprinklers nas empresas brasileiras é baixo. Apenas 36% das 300 companhias entrevistadas disseram contar com sistemas desse tipo em suas instalações.

Os sprinklers são dispositivos automáticos de combate a incêndios que, ao detectarem calor acima de um determinado limite, liberam água para controlar ou extinguir o fogo. Diferentemente dos alarmes de incêndio, que apenas notificam sobre a ocorrência de um incêndio, os sprinklers atuam ativamente no combate ao fogo.

“Ao combater o fogo de maneira rápida e localizada, os sprinklers reduzem significativamente os danos causados pelo incêndio e, em muitos casos, evitam que ele se propague, diminuindo a necessidade de evacuação em massa e grandes prejuízos materiais. Ao contrário de extintores manuais ou hidrantes, os sprinklers são ativados automaticamente sem necessidade de intervenção humana, o que garante uma resposta rápida, mesmo em ambientes sem supervisão”, explica o especialista.

Falta Treinamento para Uso de Extintores

Estudos recentes mostram uma falta significativa de conhecimento sobre o uso adequado de extintores de incêndio. Uma pesquisa da Fireline destacou que cerca de 80% dos incêndios em ambientes comerciais e não residenciais poderiam ser controlados de forma eficaz por um extintor de incêndio, mas muitas pessoas não possuem o treinamento necessário para operá-los corretamente.

Outro experimento, conduzido pela Underwriters Laboratories, mostrou que, sem treinamento prévio, muitas pessoas tiveram dificuldades com técnicas básicas, como direcionar o jato para a base do fogo e seguir protocolos de segurança.

Nos ambientes educacionais, como escolas e universidades, o treinamento sobre o uso de extintores costuma ser insuficiente. A maioria das pessoas lembra de simulações de evacuação, mas não de lições práticas sobre o manuseio adequado de extintores.

Tecnologias Modernas Podem Melhorar a Segurança

Os sprinklers são apenas um exemplo da tecnologia já disponível no mercado nacional. Grandes projetos envolvem medidas avançadas de combate a incêndios, como:

  • Tratamento antichamas nas estruturas;
  • Selagem de shafts e dutos de instalação;
  • Aplicação de firestop em fachadas de vidro;
  • Novos materiais de acabamento e revestimento resistentes ao fogo;
  • Sistemas de extração de fumaça que removem rapidamente gases tóxicos em caso de incêndio.

Com isso, os ambientes se tornam mais seguros, permitindo maior tempo para evacuação e reduzindo os riscos de tragédias.

A Importância de Investir em Segurança Contra Incêndios

É hora de aproveitar a tecnologia disponível no mercado e investir na proteção de clientes, funcionários e do patrimônio da organização. A prevenção de incêndios deve ser parte crucial de qualquer projeto estrutural, exigindo um planejamento rigoroso, atenção às normas estaduais, uso de materiais de qualidade e treinamento adequado da brigada de incêndio.

“Ambientes comerciais que priorizam a segurança criam espaços mais atrativos e confiáveis para clientes, impactando diretamente na continuidade das operações e no sucesso do empreendimento”, conclui Nogaroli Filho.

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