Por Marília Moreira, síndica profissional
A Petrobras anunciou que deverá colocar cerca de 10 mil empregados administrativos em regime de home office. Dada a forte influência da empresa em vários setores, diversas outras empresas devem estar planejando fazer o mesmo. E o que eu, síndica, tenho a ver com essa história? Ah.. Mais pessoas ficarão em casa e, muita delas, moram em condomínios, o que significa que certamente haverá impactos a serem absorvidos. As despesas aumentarão e os problemas também. Desprezando os itens de despesas medidos individualmente, por unidade, ainda assim haverá aumento no consumo de água, de energia das áreas comuns (elevadores etc.), além do incremento do volume de lixo.
Por outro lado, as empresas se livrarão de grandes despesas: aluguel, IPTU, água e luz. E ainda que venham a dar alguma contrapartida financeira aos empregados que aderirem ao novo modo empresarial, não compensará os problemas e as despesas que serão transferidos para os condomínios residenciais e aos seus gestores, os síndicos.
E como fechar essa equação? As previsões orçamentárias de cada condomínio até então não contemplavam essa descarga de despesa. Agora o mais preocupante é que no universo múltiplo de um condomínio temos aquelas pessoas que já trabalhavam em casa, os aposentados, e agora receberemos “de volta para casa e por tempo integral” aqueles condôminos que antes passavam a maior parte do tempo fora de casa. Isso vai gerar impactos financeiros, pois herdaremos uma conta que antes era dos empresários em suas empresas.
Fica a reflexão: os condomínios estão preparados para esse “novo normal”? Mais um desafio para o setor.