Coronavírus e o setor imobiliário
Por: Edison Parente, vice-presidente Comercial da Administradora Renascença
Por medidas de prevenção para evitar o contágio, seguindo as normas da Organização Mundial de Saúde, os brasileiros estão sendo orientados a permanecer em isolamento social. E, justamente essa medida que pode salvar vidas também gera prejuízos na economia, no comércio e em diversos setores. Contudo, morar é uma necessidade básica da sociedade e há diversas situações que não podem esperar. Na contramão das previsões econômicas, o setor imobiliário prevê que existirá demanda de mercado, apesar dos impactos causados pela Covid-19 ou novo Coronavírus.
Muitas empresas e corporações se perguntam: como fazer o negócio rodar online, sem afetar seus clientes? Pesquisas mostram que o brasileiro precisou se reinventar e os empresários apostam em estratégias como o delivery (serviço de entrega em casa) para atender a uma nova necessidade do público. Até mesmo algumas compras online que nunca foram tão necessárias estão sendo fomentadas e neste cenário o WhatsApp se tornou grande trunfo de pequenos negócios para contato direto com clientes.
Quando voltamos a olhar para o setor imobiliário, conhecido por ser mais tradicional, principalmente o nicho de locação e administração, vemos que esse mercado já estava se reinventando e apontando fortes tendências de evolução com startups, novas ferramentas de administração remota e até novas formas de garantias, como o cartão de crédito. E na atual crise que enfrentamos, em pleno ano de 2020, com a necessidade do isolamento, o mercado surgiu com mais uma forma criativa de driblar os problemas: a visita virtual, uma maneira transparente que os futuros inquilinos conseguem ver o imóvel sem sair de casa, ao vivo, através de uma vídeo chamada ou com um vídeo gravado de todas as dependências do imóvel.
Crise é oportunidade para o cliente
O principal desafio é a driblar a inadimplência, fator preocupante, que já está afetando o mercado de aluguéis imobiliários, com seus proprietários e inquilinos preocupados, ora com a falta de recursos para honrar seus compromissos, ora com a falta da fonte de renda da locação. Os especialistas dizem que a impressão geral é que os donos de imóvel já en-tenderam o possível efeito desta crise e, em sua maior parte, estão aceitando negociar nas novas locações ou nas já em andamento.
Saber contornar, exige inteligência nas negociações já em curso. É claro que a maioria dos imóveis alugados para comercio e para inquilinos funcionários de empresas que fecharam suas portas ou que foram demitidos precisa ser avaliado e negociado. Só no mês de marco deste ano, a inadimplência triplicou e a perspectiva de recessão futura preocupa também os proprietários, que não desejam perder com a impontualidade do seu locatário. Precisamos dar fôlego ao inquilino, principalmente se há uma boa razão para isso, como dito acima. Mas vale lembrar não é qualquer tipo de locação que é negociada, já que alguns inquilinos não foram afetados pela crise, como por exemplo, empresas que prestam serviços essenciais e seus funcionários, assim como funcionários públicos.
Nas novas locações é que entra a grande oportunidade, pois não está sendo incomum encontrarmos propostas de redução do aluguel em torno de 25% a 30% ou até mesmo isenção de 3 ou mais meses de aluguel, por exemplo. Toda a negociação neste momento precisa ter bom senso e ser bom pra ambos os lados. Para o inquilino é a oportunidade de economizar um bom dinheiro nessa crise – lembram da máxima, crise é oportunidade? – e para o locador é a possibilidade de evitar despesas com condomínio e IPTU de um imóvel vazio. Em tempos desafiadores para um mundo impactado pela Covid-19, a recomendação é evitar as vias judiciais até mesmo porque a prestação jurisdicional, que já é morosa, tende a ficar bem maior caso nosso judiciário seja demasiadamente demandado neste período.
Dicas para o mercado em 2020
Engana-se quem acha que o mercado está parado, apesar de uma previsão de redução significativa na ordem de até 50%, os negócios estão acontecendo, as pessoas precisam morar e, na locação, normalmente tem prazo para mudar. Pesquisa feita pelo Datazap com quase 5 mil respondentes, aponta que 64% dos consumidores do mercado imobiliário em locação estão prevendo redução dos preços durante o período da crise do novo Coronavírus, enquanto 45% entendem que seu interesse em alugar possa ser adiado em até 3 meses.
Isto é um sinal que se prevê que em meados de junho tudo vai normalizar, afinal, tudo isso vai passar, os mercados vão precisar se reinventar e a vida vai voltar ao “novo normal”. E para isso a prevenção e o diálogo são os melhores remédios.
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